A primeira medalha de ouro conquista nas Olimpíadas Rio 2016 é da favela, é uma das milhões de brasileiras que tiveram uma infância pobre. A diferença é que o esporte transformou a vida de Rafaela, e cerca de quinze anos depois de ser colocada pelo seu pai em um projeto social que ensinava judô para evitar que o crime organizado a seduzisse, a menina carioca de 24 anos é a mais nova campeã olímpica do esporte mundial.

Nascida e criada na famosa favela Cidade de Deus, Rafaela enfileirou cinco adversárias e levantou uma contagiante torcida nesta última segunda-feira, (9) na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro (RJ),  para realizar o maior sonho de qualquer atleta no planeta, não importa de onde ele veio.

Na final do peso-leve (até 57kg), a atleta de 1,69m se agigantou e venceu por wazari a judoca da Mongólia Sumiya Dorjsuren, líder do ranking mundial. É o primeiro ouro do Time Brasil na Olimpíada do Rio, a segunda medalha do país, após a prata no tiro esportivo de Felipe Wu, na pistola de 10m. A láurea de Rafaela é a 20ª do judô nacional em Jogos Olímpicos, aumentando a vantagem da arte marcial de origem japonesa na disputa com a vela (17).

"Acho que eu só tenho agradecer todo mundo que me deu forças. Treinei bastante para representar todo esse ginásio. Se eu pudesse servir de exemplo para crianças da comunidade, é o que eu tenho para passar para o judô. Treinei tudo que podia nesse ciclo, saía treinando, chorando, queria a medalha. Trabalhei o suficiente para conquistar. Para uma criança que cresceu numa comunidade, que não tem muito objetivo na vida, como eu, que sou da Cidade de Deus, e começou a fazer judô por brincadeira, agora sou campeã mundial e olímpica", vibrou Rafaela logo após sair do tatame.