Foto: Vinycius FerreiraHá 10 anos, Maria de Fátima Faria, 56 anos, sofre com a doença Mal de Parkinson. Porém, nos últimos meses o sofrimento de Dona Maria se agravou. A dificuldade em conseguir remédios na Secretaria Municipal de Saúde tem ocasionado problemas no tratamento. De acordo com a idosa, para conseguir receber, todo o mês, os remédios teve que entrar com uma ação no Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), contra a Prefeitura de Goianira.

Após a ação, a Secretaria passou a entregar os remédios que Maria necessita para manter a saúde estável, entretanto, o problema maior é que os medicamentos estão sendo entregues prestes a vencer, o que impossibilita tomar. Ao buscar duas caixas de “Carbidol”, felizmente a filha percebeu que as caixas venceriam após uma semana.

Segundo ela e a família, as caixas entregues à Maria de Fátima, vence neste mês de agosto e outra para ela tomar em setembro, também com o vencimento nessa semana. A família procurou a Secretaria de Saúde, no qual informaram que, “ela pode tomar o remédio vencido, que não tem problema. Pode?”, questionou a filha da Maria. Além do Carbidol – 1 comprimido por dia –, consome também Melatrol, Limbitrol e Akineton.

Foto: Vinycius FerreiraA falta do remédio deixa dona Maria com os movimentos do corpo mais lento e fraco como conta o esposo, Sebastião Martins, 66 anos, “eu tenho até dó, por que ela acorda cedo e quer arrumar a casa, fazer as coisas, mas não consegue. Pois ela não firma o corpo, as mãos tremem”, disse.  Sobre o problema dos remédios vencidos ele é direto: “por isso que ela não melhora. Estão entregando remédios quase na data de vencimento para as pessoas tomarem. Ela toma, mas não melhora. Mês passado ela caiu na área de casa”, contou o esposo preocupado.  

Foto: Vinycius FerreiraSebastião é paraplégico, tem a perna direita amputada, e também toma remédios controlados, porém não sofre, quanto a esposa, em conseguir os remédios na saúde pública do município, pois pega – de graça – na Farmácia Popular, através do Programa do governo federal. “Esse povo quer matar a gente é devagarzinho. Cada dia que passa ao invés dela melhorar, ela está ficando pior”, afirmou Sebastião. De acordo com dona Maria, a funcionária pública chegou avisou que o remédio iria vencer em agosto, mas que ela poderia continuar tomando ‘que não teria problema’, “ela podia ter me dado a caixinha com 30 comprimidos, mas ela me deu com 50, para dois meses. Agora no próximo mês eu vou continuar tomar um trem vencido e que não presta?”, reclamou.

A DOENÇA

Mal de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva. É causada por uma diminuição intensa da produção de dopamina, que é um neurotransmissor (substância química que ajuda na transmissão de mensagens entre as células nervosas). A dopamina ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática, ou seja, não precisamos pensar em cada movimento que nossos músculos realizam, graças à presença dessa substância em nossos cérebros. Na falta dela, particularmente numa pequena região encefálica chamada substância negra, o controle motor do indivíduo é perdido. (Fonte: Academia Brasileira de Neurologia)

RESPOSTA DA PREFEITURA

Em nota a prefeitura respondeu que, "nunca entregou e não vai entregar nenhum tipo de remédio vencido a nenhum paciente. De acordo com a Secretaria de Saúde esse remédio tem prazo de validade até o dia 31 do mês de agosto de 2016. Se a senhora Maria de Fátima Faria estiver tomando este medicamento de acordo com a indicação médica, a ultima dose está marcada para o próximo dia 30 deste mês de agosto". Ainda complementou, "Remédios vencidos e lixo hospitalar são descartados adequadamente e recolhido pela empresa INCINERA (especializada em Tratamento e Remoção de Resíduos Industriais e hospitalares)", informou a nota.  

LEIA MAIS: PREFEITURA JOGA LIXO HOSPITALAR DE FORMA IRREGULAR NO LIXÃO DE GOIANIRA E COLCOA EM RISCO A SAÚDE DOS CATADORES

OPERAÇÃO TARJA PRETA: PREFEITO MILLER E DOIS SECRETÁRIOS SÃO DENUNCIADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO